Crítica: "Essas rádios tocam muita música e o ouvinte não quer ouvir música, e sim uma voz que seja amiga."


Por Emerson José  - Antena

Crítica: "Essas rádios tocam muita música e o ouvinte não quer ouvir música, e sim uma voz que seja amiga."

Como programador musical de rádio, entendo a crítica e valorizo a importância de criar uma conexão emocional com o ouvinte. No entanto, gostaria de compartilhar uma visão sobre o equilíbrio que buscamos na programação e o papel essencial que a música desempenha no sucesso das emissoras de FM.

Antes de tudo, a música é o núcleo dessas rádios. Elas conquistaram grandes audiências porque oferecem playlists que capturam o gosto do público brasileiro – seja com hits pop animados, uma mistura eclética de pop rock ou canções sertanejas que tocam o coração. 

A música vai além de simples entretenimento; ela se torna a trilha sonora da vida dos ouvintes, conectando-os a momentos especiais, emoções e memórias. Quando alguém ouve uma canção que remete a uma história de amor ou a uma festa inesquecível, não é apenas uma melodia – é uma experiência emocional. Essa conexão é um dos principais motivos pelos quais as pessoas sintonizam essas emissoras.Dito isso, reconheço que a voz do locutor pode e deve funcionar como uma "amiga" para o ouvinte. 

Na programação, trabalhamos para encontrar esse equilíbrio ao incluir momentos de interação com apresentadores que trazem carisma, proximidade e autenticidade. Alguns programas, por exemplo, têm locutores que conversam com o público de forma descontraída, criando uma sensação de amizade e cumplicidade. Outros compartilham histórias pessoais ou curiosidades sobre as músicas, aproximando-se do ouvinte de maneira leve e genuína. Há ainda aqueles que adotam um tom mais caloroso e simples, falando diretamente ao coração de quem ouve, especialmente em gêneros que valorizam a emoção e a tradição.Além disso, muitas emissoras investem em quadros interativos, como pedidos musicais, recados dos ouvintes e até discussões sobre temas do cotidiano, para que a voz humana esteja presente e traga essa sensação de companhia. No entanto, é importante destacar que o formato FM, especialmente para essas rádios, é predominantemente musical porque é isso que o público busca ao sintonizar. Pesquisas de audiência indicam que, em diversos momentos – como no trânsito, no trabalho ou em casa –, o ouvinte deseja uma música que o relaxe, anime ou emocione, sem interrupções prolongadas. 

Se a programação fosse tomada por falas extensas, correríamos o risco de perder a essência que faz da rádio um refúgio sonoro para tantas pessoas.Por fim, estamos sempre atentos aos feedbacks e abertos a ajustes na programação para atender às expectativas do público. 

Se os ouvintes buscam mais interação e uma voz que traga proximidade, podemos explorar novos quadros ou aumentar a participação dos locutores em horários estratégicos. Ainda assim, acredito que a música, quando bem selecionada, também pode ser uma "amiga" – ela fala por nós, consola, anima e nos conecta de uma forma que palavras nem sempre conseguem. 

O desafio é encontrar o equilíbrio ideal para que a rádio seja, ao mesmo tempo, uma trilha sonora e uma companhia fiel.

O que você pensa sobre isso? Vamos conversar mais? 🎙️🎶

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