Música Gospel e a Programação Musical


Por Emerson José - Antena 

A música evangélica passou por uma transformação intensa nas últimas décadas. Se antes tínhamos letras profundas, arranjos bem trabalhados e artistas dedicados, hoje vemos um cenário muitas vezes dominado pelo comercialismo, onde apenas quem paga jabá consegue espaço nas rádios. Isso enfraquece a identidade musical e espiritual das emissoras, resultando em perda de audiência e impacto.

O Ouro da Música Gospel Antiga

Nos anos 80 e 90, a música evangélica brasileira era marcada por mensagens fortes, composições inspiradas e arranjos de alta qualidade. Quem viveu essa época sabe o valor de artistas como:

Grupo Logos – Canções como Autor da Minha Fé e Portas Abertas ainda hoje tocam profundamente. Com letras bíblicas e melodias marcantes, o Logos fez história.

Sérgio Lopes – O "poeta da música gospel", com músicas como O Lamento de Israel e Para Onde Vão as Aves, sempre trouxe letras profundas e cheias de significado.

J. Neto – Suas interpretações emocionantes, como em Sonhos e A Voz do Coração, marcaram gerações.

Nelson Ned – Depois de uma carreira no secular, teve uma conversão impactante e passou a cantar hinos de fé, sempre com sua voz inconfundível.

Adhemar de Campos, Vencedores por Cristo – Todos contribuíram para uma música gospel genuína e edificante.


Esses artistas não apenas cantavam – eles ministravam. Suas canções eram orações, sermões cantados, mensagens que transformavam vidas.

A Decadência da Programação nas Rádios Gospel

Infelizmente, muitas emissoras gospel hoje priorizam quem paga jabá, deixando de lado a qualidade e a espiritualidade. Isso causa dois grandes problemas:

1. Perda da identidade espiritual – As músicas de hoje, muitas vezes, não trazem conteúdo bíblico sólido. São repetitivas, superficiais e não possuem a profundidade que tínhamos nas décadas passadas.


2. Fuga de audiência – O ouvinte percebe quando a programação é montada apenas por interesses financeiros. Isso faz com que muitos migrem para outras plataformas, como YouTube e Spotify, em busca de músicas realmente edificantes.


O papel de um bom programador musical é fundamental para o sucesso de uma rádio. Ele precisa entender o que o público deseja ouvir e, mais do que isso, precisa saber o que deve ser tocado. Quando a programação é feita com critério, sem se vender ao mercado, a audiência cresce e a rádio se torna uma referência.

Resgatando a Essência da Música Gospel

É urgente que as rádios gospel voltem às suas raízes:

Priorizar qualidade em vez de dinheiro

Tocar músicas que realmente edificam

Valorizar artistas que têm história e compromisso com Deus


A música evangélica não é um mercado qualquer. Ela tem um propósito: tocar almas, fortalecer a fé e levar a mensagem de Cristo. Se as rádios não entenderem isso, acabarão perdendo espaço para plataformas digitais, onde o público pode escolher o que realmente quer ouvir.

Que Deus levante novos programadores e comunicadores comprometidos com a verdade e com a qualidade musical. A audiência agradece.


Comentários